Liderar expectativas em 3D
As nossas, as da equipa e as do mercado
Ana Teresa Penim
«Eleve as suas expectativas: pessoas com sonhos grandes obtêm energia para crescer.»
Roberto Shinyashiki
Gosto de dizer que as expectativas servem de motor emocional para a ação.
Criar e gerir expectativas de nós próprios, da nossa equipa, dos clientes e do mercado em geral tem muito que se lhe diga.
Uma boa gestão de expectativas é grande parte do caminho para o bem-estar, para a motivação e para o cliente percecionar uma boa venda ou um bom negócio.
Considero que o conceito «liderar expectativas» traduz uma atitude ativa e centrada na auto-responsabilização pelos resultados, enquanto «gerir expetativas» traduz uma atitude mais reativa e por isso menos interessante no mundo dos negócios.
Liderar as próprias expectativas
Há os que jogam predominantemente à defesa e que para se protegerem «apontam demasiado baixo». O problema destes é que a maior parte das vezes até acertam e depois sentem-se frustrados consigo próprios, ficando a pensar que poderiam ter sido mais ousados ou que agir não compensa.
Há os que são tão sonhadores e que criam sempre expectativas demasiado elevadas que os fazem sentir-se frequentemente insatisfeitos com os resultados que obtêm.
Com o tempo tornam-se amargos com a vida e têm tendência a culpar tudo e todos à sua volta pelo não cumprimento das suas expectativas, esquecendo-se de olhar para si próprios.
Há ainda as mentes matriciadas. Gente que já frequentou todo o tipo de cursos e que domina muito bem as tecnologias e as folhas de Excel. Esses por vezes esquecem-se de que a vida e os negócios não são uma matriz, nem uma lógica linear, mas sim o resultado de um conjunto complexo de variáveis tangíveis e intangíveis, intuições e confusões.
Liderar as expectativas da equipa
Aqui o desafio acelera. Para além de cada membro da equipa ser único e ter expectativas próprias, diferentes das dos outros, há as expectativas do grupo como um todo.
Visão, entusiasmo, personalização e comunicação são palavras-chave para liderar as expectativas da equipa.
– Visão: perspetivar o futuro, uma oportunidade ou um objetivo é fundamental para modelar a expectativa no ponto pretendido e definir um plano de ação para lá chegar, sem esquecer o plano B, o C, o D, os que for preciso.
– Entusiasmo: fator indispensável para a criação de um estado emocional ativo e positivo da equipa para fazer acontecer.
– Personalização: conhecer cada membro da equipa, o seu contexto e as suas ambições é o mínimo.
– Comunicação: ferramenta por excelência para liderar, de facto, as expectativas de cada um e da equipa, antes, durante e depois; ou seja, sempre.
Liderar as expectativas do mercado Esta é a prova dos noves. A verdadeira prova da sobrevivência.
Ou lideramos as expectativas do mercado, nos antecipamos e diferenciamos, ou desperdiçamos o tempo a reagir ao mercado e a defender-nos da concorrência, o que se transforma num desgaste.
Liderar as expectativas do mercado é ser capaz de o surpreender.
Um profissional ou uma empresa que surpreendem têm a capacidade de interromper as expectativas do outro e de reorientar o seu olhar para a sua própria visão, o seu produto ou a sua inovação. É ciência, mas digam lá se não é também arte?
Eu chamo-lhe «criar o efeito UAUme!».
Como liderar as nossas próprias expectativas
É preciso ter uma atitude ambiciosa e centrada em fazer aquilo que depende de nós.
Isto com:
– entendimento do contexto e intuição sobre as oportunidades;
– conhecimento dos recursos e das competências próprias;
– estabelecimento de objetivos e planos de ação o mais smart possível;
– acompanhamento permanente dos acontecimentos;
– interpretação de um obstáculo como uma oportunidade para reorientar o rumo;
– e gosto por fazer e desfazer para fazer melhor.
São aspetos fundamentais para não nos limitarmos a gerir as nossas expectativas.
Antes para liderá-las.