FRANCISCO ALCAIDE HERNÁNDEZ
DO it!: Qual é a missão dos seus livros?
Parto do princípio que todas as pessoas têm sonhos e metas, mas a maioria fica a meio do caminho. Surge então a pergunta: “o que fazem as pessoas que alcançaram resultados, que nós também gostaríamos de conseguir?”. Quem conseguir identificar essas pistas estará em melhores condições no momento de estabelecer e alcançar os seus objetivos. Esse é o foco dos meus livros “Aprendendo com os Melhores”. Os melhores são aquelas pessoas que chegaram onde nós também gostaríamos de chegar.
DO it!: Que critérios utiliza para selecionar as personalidades que inclui nestes livros?
Para além do tamanho do livro, o qual naturalmente limita o número de pessoas que posso incluir num volume, os critérios são:
- A qual depende dos resultados que a pessoa tenha alcançado. Selecionei pessoas de cinco âmbitos de atividade, que tenham alcançado resultados e vou pesquisar como o fizeram através de entrevistas, livros ou biografias que escreveram, para identificar as chaves do seu sucesso.
- Escolho personalidades que interessem ao público em geral.
DO it!: Enquanto especialista em liderança e motivação, quais são os desafios que os profissionais enfrentam no atual contexto?
Há dois tipos de desafios. O maior desafio para quem dirige uma empresa é a gestão da mudança. A mudança sempre existiu, mas agora a velocidade da mudança é muito maior. Em 1940 a vida média de uma empresa era de 60 anos. Hoje, a nível mundial a média é de 15 anos. Em Espanha, por exemplo, são 10 anos e 85% das empresas não passam do sétimo ano. Tudo tem um prazo de validade muito curto e isso significa que a capacidade das empresas renovarem a sua vantagem competitiva e de gerarem valor, que é o que justifica a criação de uma empresa, hoje é assumidamente, o mais importante. O empresário que não seja capaz de estar um pouco à frente das expetativas do mercado vai desaparecer e com maior rapidez.
Outro desafio é o facto de estarmos a passar de um mercado de empregados, para um mercado de freelancers. Como duram menos, as empresas têm que ser muito ágeis e flexíveis. O que prende uma empresa são os custos fixos como os imóveis e o pessoal. Assim, a estrutura organizativa vai ser 20% de empregados, 40% de empresas subcontratadas e 40% de freelancers. Muita gente vai ter que ser freelancer e sê-lo é ser empreendedor. Todos os dias os freelancers, como eu, têm que sair à “caça de leões”. O maior ativo de um freelancer é a marca pessoal, ou seja a capacidade de aportar valor ao mercado de forma consistente e recorrente. Hoje há muitos canais de comunicação que há que trabalhar para se ter visibilidade no mercado. Se não te conhecem não te podem comprar nada. É preciso manejar muito bem o networking e a capacidade de estabelecer alianças. Necessitamos de companheiros de viagem em todos os âmbitos, pois sozinhos não vamos longe.
DO it!: Qe ferramentas devem possuir as pessoas de negócios que necessitam de ter sucesso de forma rápida?
Só há uma forma: estando muito conectado com o mercado. Há que andar no terreno. Hoje é muito fácil aceder ao conhecimento com as ferramentas tecnológicas que existem. Também há que recorrer ao Mentoring Inverso (aprender com os mais novos), o que não é fácil. Há 30 anos era impensável que um jovem se tornasse milionário. Hoje há muitos por serem pessoas que manejam muito bem as ferramentas de difusão. Os que estão no topo das Organizações têm que ser muito humildes e escutar. Para escutar há que ser muito humilde. A humildade dos dirigentes para absorverem de todos os âmbitos e de todas as esferas é fundamental.
DO it!: O que significa para si liderança?
A liderança existe desde que existem seres humanos e não é mais do que a capacidade de converter uma visão ou um sonho numa realidade, numa concretização. Liderar é fazer acontecer. Muito simples. Porém, há nisto um elemento que não é simples, que é o facto de que, para conseguir que essa visão se converta em realidade ter que se liderar pessoas. Alguém disse que os negócios seriam muito fáceis senão fossem as pessoas… Afinal, tudo o que acontece numa Organização é através das pessoas. E as pessoas têm um “problema”: são todas diferentes; as suas necessidades alteram-se ao longo do tempo; são contraditórias. Esse é o grande desafio de qualquer líder. Há uma frase que define muito bem liderança: num negócio há que medir 3 coisas: a satisfação do cliente, que é quem te faz ganhar dinheiro; a satisfação da equipa, que são os que fazem acontecer; e o cash-flow, o que entra na caixa. Nada mais! Ou seja: orientação para o cliente; orientação para as pessoas; dinheiro a entrar.
DO it!: De todas as personalidades que incluiu no seu livro, qual foi a que mais o inspirou?
Todos me inspiram…mas os desportistas inspiram-me muito. Considero que o desporto é uma metáfora da vida. O âmbito que melhor reflete o que é o mundo do desenvolvimento pessoal é o desporto. Um desportista tem que ser tremendamente disciplinado; tem que ter um treinador (todos deveríamos ter um Coach); são pessoas que têm que gerir o êxito, o fracasso, a pressão dos meios de comunicação, do público, dos patrocinadores; e pensar no futuro…
DO it!: Qual é o seu próximo livro?
Há a possibilidade de fazer um terceiro volume da coleção “Aprendendo com os Melhores”. A ideia de publicar o volume 2, que agora lanço, era ir cobrindo âmbitos que não estivessem presentes no volume 1. Se publicar o volume 3 vou escolher âmbitos de atividade que ainda não toquei, como por exemplo o político (ex. Winston Churchill, Benjamim Franklin, Kennedy, etc.) ou o da nutrição.
Há também um livro que quero publicar, que é sobre os Pilares do Sucesso. Trata-se de um tema que ando a estudar há muito tempo, verificando que existem leis ou princípios, independentes do espaço e do tempo, responsáveis pelo sucesso. O mundo funciona por leis matemáticas, físicas, químicas e por leis do sucesso.
DO it!: Que mensagem motivacional gostaria de transmitir aos leitores da DO it! ?
A frase que é o subtítulo do meu livro: “o desenvolvimento pessoal é o teu destino”. Essa frase diz que o sucesso não é algo que consegues. O sucesso é algo que atrais à tua vida, como consequência da pessoa em que te tornaste. A vida corre-te bem ou mal, como reflexo de quem és. Por isso, quanto mais investires em ti próprio, melhores oportunidades te aparecerão. Quanto mais estudares, mais te formares, mais cultivares a tua rede de contactos, quanta mais experiência tiveres, mais sucesso terás. Investir em ti próprio são 3 coisas: estudo, prática e feedback.
O que te faz passar do ponto A ao ponto B é a aprendizagem.
DO it!: Acha que as pessoas estão motivadas para aprender?
Acredito que todos os seres humanos têm um desejo inato de crescimento. O que acontece é que muitas vezes, não é que as pessoas sejam preguiçosas, apenas não encontraram o motivo. Há muita gente que se resigna. Alguns acham que as pessoas que têm sucesso é porque são especiais ou têm sorte. Tento transmitir que o êxito não é fruto do acaso e que por detrás dele há causas. A primeira lei do êxito é a lei da causa-efeito e, em última instância, a causa és tu e o teu desenvolvimento pessoal.
DO it!: Como podemos aproveitar a explosão das tecnologias, como a Inteligência Artificial?
Há um livro de Malcolm Gladweel, “Tipping Point – How little things can make a big difference”. Um Tipping Point é um momento em que a procura dispara. Por exemplo, quando algo fica na moda. Nesse momento todos pensamos que foi por acaso. Gladweel começou a investigar e descobriu que as coisas têm todas uma causa. A base do êxito é identificar porque as coisas são como são. Isso é informação. São dados. Quando se tem dados e se sabem utilizar, tem-se um futuro muito mais prometedor. Afinal, uma análise passa pelo diagnóstico (conhecer as causas), e para saber as causas quanto mais informação tiveres melhores soluções consegues adotar. A Inteligência Artificial o que tenta é captar o maior número de dados e depurá-los. Depois há o fator humano que é a interpretação.
DO it!: Para além de escrever tem outras atividades. Como faz para conciliar tudo?
O escrito espanhol José Miguel Bolívar autor do livro “Produtividade Pessoal”, afirma que produtividade não é fazer muitas coisas. Produtividade é deixar de fazer tudo o que não se deveria fazer. Tenho um lema: fazer pouco de muito valor e explorá-lo ao máximo. Acredito que se trata de fazer pouco, porque se se querem fazer coisas com qualidade não se podem fazer muitas. Quando fazemos coisas com muito valor o mercado premeia-te e geras rentabilidade. Trata-se de saber ter foco. Tal como dizia Steve Jobs: “Quando quiseres criar algo tão grande como a Apple, tens que renunciar a viver outras vidas das quais também gostarias”. Tem mais a ver com o que não fazes, do que com o que fazes.
DO it!: Qual é a sua mensagem final?
Todos os problemas do ser humano se resumem a uma causa: falta de confiança em si próprio. O problema nunca é a nossa incapacidade. O problema é a crença de que não somos capazes. No final de contas convertes-te naquilo em que acreditas.
O que mais gosta em Portugal?
Tudo me encanta em Portugal, a comida, os miradouros de Lisboa, os elétricos, o mar, o clima, o Porto, Aveiro, Sintra…
MENSAGENS FUNDAMENTAIS:
(1) não existem limites. O ser humano sempre alcançou aquilo a que se propôs;
(2) não existem pessoas especiais, e que todas as pessoas têm potencial para chegar mais longe;
(3) possuímos a ferramenta mais poderosa para o conseguir que é a nossa capacidade de aprender;
(4) a melhor forma de aprender é com aqueles que alcançaram êxito e nos podem transmitir as chaves para o conseguir.