Por: José António Rousseau
Os negócios não têm cor mas são cada vez mais “verdes” e até poderão ser lucrativos e possuir boas margens operacionais, não só por eliminarem drasticamente o desperdício (de energia, água, produtos e oportunidades), que reduz os impactos ambientais e poupa dinheiro, mas também porque conseguem reconhecer, satisfazer e antecipar as expectativas dos consumidores, relativamente a produtos e serviços melhores e mais seguros para todos.
Motivados pelas expectativas deste novo mercado “verde”, pelas mudanças climáticas, pelas novas regulamentações legais ou pela admirável intenção de fazer a coisa certa, os negócios “verdes” têm-se deslocado da periferia para o palco central do mundo dos negócios, trazendo consigo a promessa de negócios reais e não hipotéticos, seja qual for a sua dimensão ou sector.
Mas ser “verde” não tem apenas relação com o ambiente. Ser “verde” representa uma nova forma de olhar para os negócios e para os desafios que estes representam para atuar quer ao nível da microescala, ou seja, com oportunidades diretas de poupar dinheiro aos acionistas, colaboradores e consumidores, diminuindo gastos supérfluos na utilização excessiva de recursos, quer ao nível da macro escala, isto é, com impacto no emprego, no desenvolvimento económico, na balança de pagamento e na qualidade de vida.
Daí o surgimento de movimentos tão interessantes quanto necessários, como por exemplo, o do Capitalismo Consciente ou o da Economia Circular aos quais tantas e tão boas empresas, de várias nacionalidades, têm aderido e tentado conformar as suas práticas com os princípios que estes movimentos defendem e que se podem resumir em tudo aproveitar e nada desperdiçar.
Na verdade, as grandes empresas globais como a Walmart ou nacionais como a Sonae já lidam com questões relacionadas com este novo mundo “verde” de forma muito orgânica, não apenas trabalhando os seus processos, como exigindo dos seus fornecedores as mesmas métricas de eficiência que impõem a si próprios e que, até há pouco tempo e em geral, eram ignoradas na gestão das empresas.
A distribuição é e será cada vez mais “verde”. Logo, a indústria terá de ser também mais “verde”. A sustentabilidade ou o “verde” dos negócios não é uma moda, é um imperativo categórico de tudo e todos.