Por: Miguel Figueiredo
Que o mundo tem mudado imenso nos últimos quinze anos, não é surpresa para ninguém. O que talvez não seja tão evidente para todos é que as mudanças que temos assistido são apenas um pequeno vislumbre do que aí vem.
Até agora, as mudanças que temos assistido têm sido sobretudo fruto da utilização da tecnologia para estarmos mais ligados uns aos outros. A internet, o smartphone e as redes sociais produziram mudanças de comportamento que abalaram e continuam a abalar uma série de indústrias, tais como a da música, dos livros, dos filmes, dos media e da publicidade.
Mas as mudanças não vão ficar por aqui. Atingimos um patamar em que a velocidade de conetividade, o poder de processamento e a capacidade de armazenamento de dados, combinados, permitem acelerar ainda mais a inovação tecnológica. E isso está a produzir fenómenos como: as impressoras 3D, que são hoje já capazes de imprimir nos mais diversos materiais (até comida!); a inteligência artificial, que está literalmente na sua infância e rapidamente chegará à fase adulta; a internet das coisas, que permite que todos os objetos à nossa volta tenham a possibilidade de comunicar via web, com tudo o resto; a realidade virtual e realidade aumentada, que nos permitem novas perspetivas, como nunca tínhamos tido até aqui; nano tecnologia, que permite já hoje trabalhar à dimensão da célula; ou, o reconhecimento de objetos, pessoas e emoções por parte de máquinas.
E que implicações terão estas novas tecnologias nas nossas vidas? Inúmeras. Aqui vos deixo a minha previsão das 3 próximas indústrias a serem afectadas:
1 – Transportes: Se acha o UBER o fenómeno interessante, espere até ver o que o futuro tem reservado para si. Os carros autónomos (sem condutor) do Google já conduziram um total de mais de 2,7 milhões de quilómetros e já têm autorização para circular nos estados da Califórnia e Texas. A Tesla tem um projeto para começar a vender carros autónomos em 2021, em que, caso pretenda, o seu carro pode “fazer de UBER” enquanto não precisa dele.
2 – Saúde: Imagine dirigir-se ao médico e não precisar de dizer uma palavra pois ele já sabe tudo o que se passa consigo. Melhor ainda, ainda antes de pensar em ir ao médico, já este lhe está a ligar para passar por lá. Com a quantidade de dados que começam a ser recolhidos sobre a saúde de cada um, esta realidade não está assim tão longe. E será só o princípio. Médicos já estão a trabalhar em projetos como impressão de órgãos para transplantes, nano fármacos adaptados ao ADN de cada um e no rejuvenescimento de células. Por menos que tudo isto, a esperança de vida de quem nasce hoje é estimada em 120 anos.
3 – Retalho: Cada vez mais vinga a tese de que o comércio tradicional não será substituído pelo e-commerce. Este último é antes um excelente e imprescindível complemento. Mas o comércio tradicional, de tradicional, também vai ter muito pouco. A provar isso está o lançamento este mês da loja física da Amazon, o Amazon Go, onde as pessoas entram, pegam nos artigos que pretendem e saem da loja. Sem passar por uma caixa registadora. Tudo é automaticamente debitado na conta do cliente. Estou a imaginar tantas cabeças perdidas com este sistema….
Se é como eu, um amante da evolução, deve estar neste momento super entusiasmado. No entanto, é importante lembrar que estas mudanças colocarão uma pressão enorme no mercado de trabalho e na educação, que têm tido enormes dificuldades em se ajustar a esta realidade. Já hoje assistimos à falta generalizada de programadores e ao excesso de pessoas dependentes de trabalho pouco qualificado. Urge por isso começar o quanto antes o processo de requalificação. E quanto às futuras gerações, apostar em cursos informáticos ou que puxem pela criatividade, será sempre uma aposta vencedora.