Como era de esperar, os dados do inquérito referente à atividade do mês de março indicam uma forte quebra nas receitas e consequentemente, um sufoco na tesouraria das empresas. Esta situação impõe claramente a necessidade do reforço das medidas de apoio financeiro e de incentivo ao consumo.
Lisboa, 14 de abril – No mês em que se assinalou um ano completo de pandemia COVID-19 em Portugal, as empresas da restauração e similares e do alojamento turístico atravessam o seu período mais difícil de sempre. O inquérito mensal relativo ao mês de março revela que 49% das empresas de Restauração e 49% das empresas de Alojamento registaram quebras de faturação acima de 90%.
As conclusões do inquérito da AHRESP do mês de março, que contou com 943 respostas válidas, apresentam os seguintes resultados:
- Restauração e Similares:
- 52% das empresas indicam estar com a atividade totalmente encerrada;
- 29% das empresas ponderam avançar para insolvência, dado que as receitas realizadas e previstas não permitirão suportar todos os encargos que decorrem do normal funcionamento da sua atividade;
- Para as empresas inquiridas, a quebra de faturação do mês de março foi avassaladora: 49% das empresas registaram perdas acima dos 90%;
- Como consequência da forte redução de faturação, 14% das empresas não conseguiram efetuar o pagamento dos salários em março e 14% só o fez parcialmente;
- Perante esta realidade, 43% das empresas já efetuaram despedimentos desde o início da pandemia. Destas, 16% reduziram em mais de 50% os postos de trabalho a seu cargo. 8% das empresas assumem que não vão conseguir manter todos os postos de trabalho até ao final do mês de junho;
- Alojamento Turístico:
- 29% das empresas indicam estar com a atividade suspensa;
- Em março, 49% não registou qualquer ocupação, e 28% indicou uma ocupação até 10%. Para o mês de abril, 38% das empresas estimam uma taxa de ocupação zero, e 28% das empresas perspetivam uma ocupação máxima de 10%;
- 17% das empresas ponderam avançar para insolvência por não conseguirem suportar todos os normais encargos da sua atividade;
- Para as empresas inquiridas, a quebra de faturação do mês de março foi devastadora: 49% das empresas registaram perdas acima dos 90%;
- Como consequência da forte redução de faturação, 27% das empresas não conseguiram efetuar pagamento de salários em março e 6% só o fez parcialmente;
- Ao nível do emprego, 28% das empresas já efetuaram despedimentos desde o início da pandemia. Destas, 38% reduziram em mais de 50% os postos de trabalho a seu cargo. 6% das empresas assumem que não vão conseguir manter todos os postos de trabalho até ao final do mês de junho;
Apesar dos contributos positivos que o desconfinamento confere, os números deste inquérito mostram, uma vez mais, que é absolutamente necessário robustecer os apoios às empresas, e disponibilizar incentivos ao consumo.
Face aos enormes constrangimentos pelos quais as nossas empresas estão a atravessar, a AHRESP apresentou recentemente um conjunto de medidas de apoio à liquidez, à capitalização e de proteção do emprego, nomeadamente:
- Medidas de Apoio à Liquidez:
- Reforço dos apoios a fundo perdido para a tesouraria das empresas;
- Reforço da dotação do programa APOIAR RENDAS;
- Prorrogação das Moratórias Bancárias;
- Planos de Amortização a Longo Prazo;
- Aplicação temporária da taxa reduzida de IVA nos serviços de alimentação e bebidas;
- Disponibilização de apoios para empresas recentes;
- Apoios para empresas com quebras de faturação iguais ou superiores a 15%.
- Medidas de Apoio à Capitalização:
- Fundo de Capitalização de Empresas.
- Medidas de Apoio ao Emprego:
- Continuidade do Lay Off Simplificado até ao final do ano 2021;
- Redução para 2 Escalões no Apoio à Retoma Progressiva;
- Publicação da regulamentação do novo Incentivo Extraordinário e do Apoio Simplificado.
- Medidas de Apoio ao Funcionamento:
- Campanha de Dinamização do Consumo;
- Mecanismo único de acesso aos apoios;
- Contratualização de organismos intermédios para apoio às empresas.
É vital que estas medidas sejam efetivamente implementadas, e que as tesourarias das empresas do alojamento turístico e da restauração e similares sejam reforçadas no imediato. Só assim será possível garantir a sustentabilidade destas atividades económicas, que têm um papel determinante na recuperação económica do nosso país.