Um estudo realizado pela Willis Towers Watson a nível global, no início de junho deste ano, reflete claramente que as empresas portuguesas preveem algumas mudanças importantes na área dos benefícios dos seus colaboradores como resultado da Covid-19.
Os resultados do estudo 2020 COVID-19 Benefits referentes às empresas do nosso país refletem as medidas implementadas para a contenção da pandemia no país: implementação de medidas target em vez do recurso a ações extremas. No entanto, as empresas portuguesas estão a planear alguns ajustamentos significativos nos benefícios concedidos aos seus colaboradores.
Com efeito, o estudo, que contou com a participação de mais de 300 empresas multinacionais, 46 delas portuguesas, mostra que 57% das organizações no nosso país adaptou ou planeia adaptar os seus programas de benefícios para colaboradores, como consequência da crise gerada pela COVID-19.
Isto situa Portugal no terceiro lugar dos países europeus, com Espanha e Itália à cabeça (ambas com 64%), seguindo-se a Dinamarca (39%), Alemanha (36%), Suíça (33%) e Noruega (10%). O estudo mostra, sem deixar margem para dúvidas, que uma das prioridades mais importantes para as empresas portuguesas é melhorar, a curto prazo, os programas de bem-estar e os benefícios para os seus recursos humanos.
De destacar o facto de um terço das empresas portuguesas participantes no estudo acreditar que haverá um impacto negativo, moderado ou significativo, no bem-estar dos seus colaboradores.
Como refere Ana Marta Vasa, Retirement Senior Director na Willis Towers Watson Portugal, “a pandemia veio, de certa forma, acelerar a necessidade de as empresas dedicarem tempo a desenvolver e implementar planos de bem-estar para os seus colaboradores, seja ao nível do bem-estar mental, físico, social ou financeiro. Os resultados deste survey permitem-nos observar um caminho positivo nesse sentido, com muitas organizações a repensarem e a reinventarem a forma como estavam a gerir e apoiar os seus colaboradores”.
“A necessidade de implementarem planos que permitissem a continuidade do trabalho, levou a que muitas organizações colocassem um grande focus no bem-estar dos seus colaboradores. Muitas reconhecem que existem ainda muito por fazer nesta área, e que num futuro próximo irão alargar e aprofundar muitas das medidas tomadas”, sublinha a mesma responsável.
Impacto no negócio e restabelecimento da estabilidade
Do ponto de vista da empresa, o foco tem sido e continua a ser, a estabilização da atividade empresarial. De acordo com as conclusões do estudo, 50% das empresas portuguesas preveem um impacto significativamente negativo no desempenho dos seus negócios, nos próximos 6 meses.
Cerca de 49% das empresas preveem ainda que os efeitos negativos continuem no segundo ano. As empresas estão a enfrentar os desafios com maior flexibilização do regime de teletrabalho, faseando o regresso e comunicando de forma mais sistemática. Além disso, os colaboradores estão a ser ouvidos com maior frequência, através de inquéritos internos, que contribuam para a definição de soluções que deem resposta aos seus receios e necessidades.
Miguel Albuquerque, Health & Benefits Director na Willis Towers Watson Portugal, refere, por seu turno, que “a pandemia está a ter um impacto muito expressivo no mundo empresarial. Nas áreas dos recursos humanos aquilo que eram simples tendências passaram a ser uma evidência, obrigando as empresas a adaptarem-se a novas realidades e desafios. Estas mudanças rápidas sobrecarregam os líderes que têm de tomar decisões críticas em ambiente de grande incerteza e os colaboradores que têm de se adaptar a formas totalmente diferentes de trabalhar, sujeitos a equilíbrios muito ténues entre as suas vidas profissionais e pessoais”.
Apoio aos colaboradores
Os resultados do survey que a WTW efetuou no final do primeiro semestre evidenciam as preocupações das estruturas de RH em apoiar os seus colaboradores a adaptarem-se a estas novas realidades, sendo que mais de metade fizeram ou preveem fazer alterações aos seus programas de benefícios, havendo um claro foco no melhorar os programas de bem-estar.
Entre as prioridades das empresas destacam-se a comunicação dos benefícios existentes aos colaboradores, assim como a melhoria do acesso a serviços de saúde mental e gestão de stress. Ao nível do seguro de saúde, existe já uma clara promoção de soluções virtuais, como as da telemedicina, com o intuito de facilitar o acesso aos cuidados médicos dentro desta nova realidade”.
De acordo com os resultados do estudo, os colaboradores, no futuro, irão beneficiar de uma maior flexibilidade quer relativamente ao local onde realizam o seu trabalho quer em termos de horário. Ferramentas virtuais adicionais irão ajudá-los a lidar melhor com os desafios do teletrabalho, como a solidão e/ou o stress. As empresas também pretendem disponibilizar aos seus gestores de pessoas, ferramentas para envolver os colaboradores remotos no novo ambiente de trabalho.
Além disso, outras medidas que as empresas portuguesas estão a implementar para apoiar os seus colaboradores incluem ainda o estímulo ao teletrabalho, aumentando a frequência de videoconferências para fins profissionais ou não profissionais, o financiamento do bem-estar, promovendo ajuda financeira e serviços de orientação.