A Tangível organizou, em parceria com a OutSystems, uma conferência para profissionais da área de design centrado nas pessoas (UX), no passado dia 9 de novembro, em Lisboa. Com esta iniciativa, foi assinalado o Dia Mundial da Usabilidade em Portugal.
Colaboradores de ambas as empresas partilharam ideias sobre estratégia de UX, sobre o design com Inteligência Artificial, explicaram a importância de Design Systems e exemplificaram métodos de UX Research. O recurso a casos de estudo foi uma constante durante o certame, que terminou com uma reflexão sobre a ética no design do autor e designer Manuel Lima.
A mensagem geral transmitida no encontro foi: tornar simples o que é mais importante para o utilizador. Além disso, a “resolução de problemas” foi uma das expressões mais ouvidas durante a conferência. Desde o nível estratégico, passando pelo design com recurso a IA (Inteligência Artificial), até ao próprio contacto com os utilizadores, tudo deve estar orquestrado para resolver problemas e criar a melhor experiência para os utilizadores.
Na abertura da conferência, André Carvalho, co-CEO da Tangível, disse que “somos uma equipa de 150 especialistas em design centrado nas pessoas, usando-o para tornar o mundo à nossa volta mais usável, mais fácil, mais simples”. Acrescentou que a usabilidade é algo “invisível”, mas que “faz uma diferença tangível”.
Pedro Girão, vice-presidente de gestão de produto na OutSystems, explicou que a “experiência é muito importante. Temos uma equipa de cerca de 60 pessoas a trabalhar na preparação da experiência na nossa plataforma”. Assinalou ainda que, tendo a empresa clientes da sua plataforma B2B em 87 países e 22 setores diferentes, o trabalho de desenvolvimento da usabilidade é fundamental. Até porque a experiência ideal pode ser totalmente distinta em diferentes sectores de atividade ou até em diferentes países.
Rui Sousa Pedro, estratega de UX na Tangível, lamentou que ainda se tomem decisões baseadas em opiniões, o “achómetro”. O orador assinalou que é necessário assentar as decisões em research, em dados, e explicou ainda a receita para fazer uma estratégia de UX, alinhada com os objetivos de negócio.
No painel subordinado ao tema “Desenhar com Inteligência Artificial”, Bernardo Nunes e Inês Oliveira, designers da equipa de inteligência artificial na área de UX, da OutSystems, falaram sobre o impacto da IA na vida dos designers.
Em vez de pensar em cenários apocalípticos sobre IA criados pela literatura e cinema, nos quais o ser humano é substituído ou eliminado, “deveríamos utilizar a IA para aumentar as capacidades humanas, estender o nosso alcance, a nossa proficiência”, disse Bernardo Nunes. Enquanto designers, “devemos almejar utilizar a IA para fazer tecnologias agentivas, as quais dão às pessoas o controlo sobre os resultados”, sublinhou.
Mas “não devemos utilizar a IA apenas porque sim. A IA deve trazer valor aos nossos utilizadores, deve ajudar a resolver problemas de uma forma mais personalizada, com o apoio da tecnologia”, disse Inês Oliveira, designer na OutSystems. “Devemos saber qual é o limite. Automatizar tudo pode ser um erro. É preciso estar atento até onde podemos ir, perceber o que temos de retirar, mas também o que temos de manter, perceber o que traz ou não felicidade aos utilizadores”, explicou.
A conferência prosseguiu com um painel sobre “Design Systems: Colaboração para Crescer e Evoluir”, que contou com a participação de três colaboradores da OutSystems. “O design system é um produto que serve outros produtos, é uma biblioteca de componentes, é uma ferramenta de trabalho com grande potencial para melhorar a colaboração entre as equipas”, definiu João Conceição, um “pensador de sistemas”.
Mafalda Barata, parte da equipa de design systems da OutSystems, trabalha em motion design, “um sistema dentro do design system que serve a comunidade de programadores e designers”, explicou.
Da mesma equipa, a designer de conteúdos na OutSystems, Rachel Kellond, explicou que “content design é uma abordagem estratégica para planear, criar e gerir conteúdo com foco nas necessidades dos utilizadores e nos objetivos de negócio”. Tanto o motion design como o design de conteúdos devem ser incluídos tão cedo quando possível no processo de desenvolvimento.
Vítor Carvalhinho, especialista em usabilidade na Tangível, apresentou vários métodos de UX Research, explicando passo-a-passo como melhorar a usabilidade com recurso a fluxos, à comunicação, ao desenho de cenários, sem esquecer a medição da usabilidade, a realização de benchmarks e de questionários aos utilizadores. Para melhor explicar foi recorrendo a casos de uso dos clientes da empresa.
A terminar a conferência, Manuel Lima, autor de referência na área do design, fez uma reflexão sobre a importância da ética no design e sobre o impacto que o trabalho dos designers tem no mundo. O tema desta palestra teve por base o seu mais recente livro, The New Designer: Rejecting Myths, Embracing Change, onde são desafiados mitos e preconceitos comuns sobre o que é um bom design.
As receitas da conferência reverteram, na totalidade, para a Vencer o Autismo. Esta IPSS, que tem como missão reduzir o estigma negativo associado ao autismo, recebeu 2 000 euros da organização do evento.