A Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH) e a Glintt, numa parceria científica com a Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), e com o apoio institucional dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), trouxeram hoje a palco – passados dois anos da pandemia SARS-CoV-2 – os resultados da 2ª Edição do Barómetro da Saúde Digital – a Adoção da Telessaúde e da Inteligência Artificial, no Sistema de Saúde em Portugal. Depois da 1ª edição realizada em 2019, exclusivamente dedicada à Telessaúde e à Inteligência Artificial (IA), a 2ª Edição do Barómetro é também dedicada à Saúde Digital, dividindo-se em três secções: Telessaúde; IA e Saúde Digital. A Sessão teve lugar hoje às 14 horas em Sesimbra, no Hotel Sana, e fez parte da agenda da 10ª Conferência de Valor da APAH dedicada ao tema “Nova Governação em Saúde”.
Alexandre Lourenço, presidente da APAH adianta que a 2ª Edição do Barómetro “foi focada na evolução da adoção da saúde digital, telessaúde e da inteligência artificial no Sistema de Saúde nos últimos dois anos, com base nas práticas e perspetivas de 38 instituições de Saúde no país, reportadas pelos seus líderes. Salienta-se o impacto positivo que a pandemia promoveu de forma generalizada na adoção de novas tecnologias e práticas, em particular no que toca a meios telemáticos e à saúde digital, como um todo. Esta mudança que urge promover e consolidar no contexto da prestação de cuidados em Portugal, tem neste barómetro uma importante ferramenta de monitorização e evolução do modelo de governação da Saúde Digital”.
Filipa Fixe, executive board member da Glintt, é da opinião que “existe uma clara perceção da importância da adoção da Telessaúde e da Inteligência Artificial no Sistema Nacional de Saúde. Este ponto foi salientado na 1ª Edição do Barómetro e a 2ª Edição reforça esta mesma realidade”.
A transformação digital a que todos assistimos na área de saúde é o resultado do impacto positivo da tecnologia nesta área e Filipa Fixe aponta o porquê: “os telecuidados, os dispositivos médicos, a inteligência artificial, o 5G, o reconhecimento da voz ou a Gamificação são apenas alguns exemplos da transformação digital na área de saúde que estão a remodelar a forma como interagimos com os profissionais de saúde, como os nossos dados em saúde são partilhados e transformados em conhecimento ou, simplesmente, como é que as decisões são tomadas relativamente aos nossos planos de gestão e resultados de saúde”.
A 2ª Edição do Barómetro da Saúde Digital contou com uma amostra de 286 respostas ao questionário, das quais 64 respostas são de líderes de instituições (de Saúde), sendo que 47% do universo dos hospitais do SNS participaram no barómetro.
Objetivos:
- Compreender o nível de adoção da Saúde Digital nas Instituições do Sistema de Saúde Português, em particular da Telessaúde e da Inteligência Artificial, passados dois anos de pandemia;
- Identificar áreas de atual e potencial utilização;
- Clarificar os pontos críticos (facilitadores e barreiras) para a sua adoção e utilização.
CONCLUSÕES DO ESTUDO
TELESSAÚDE
- Nível de adoção
- 84% das instituições têm pelo menos um projeto implementado na área da Telessaúde
- A Teleconsulta é a área de Telessaúde mais utilizada (96%), seguida da Telemonitorização (63%) e do Telediagnóstico (39%)
- Os Hospitais e, em particular os de menor dimensão são as instituições que têm implementadas mais áreas de Telessaúde (7/>500 camas) seguidas dos Hospitais (>500 camas), ACES e ULS (6)
- 97,7% dos hospitais fizeram teleconsultas e 70% têm projetos implementados de Telemonitorização, seguido do Telediagnóstico (44%)
- As plataformas informais são a solução mais utilizada para realização de teleconsultas (71,4%), seguida da RSE live (54,8%). No entanto, nos ACES a plataforma mais utilizada é a RSE live (60%)
- Os hospitais do SNS prestam mais serviços de Telemonitorização na ICC (53%), na DPOC (50%) e no EAM (33%)
- Principais Barreiras / Facilitadores
TOP 3 Barreiras
- 61% – Baixa literacia em Telessaúde
- 48% – Falta de motivação na adoção da telessaúde pelos profissionais
- 33% – Falta de formação dos profissionais
TOP 3 Facilitadores
- 71,9% – Infraestrutura tecnológica adequada
- 57,8% – Motivação na adoção da Telessaúde pelos profissionais
- 48,4% – Fácil adaptação às novas tecnologias por parte dos pacientes
- Atitudes
O universo global dos inquiridos considera que a Telessaúde:
- 56% – É uma prioridade da sua instituição
- 51% – Promove a relação entre o Utente e o Profissional de Saúde
- 90% – Desempenha um papel muito importante na monitorização remota de doentes crónicos
- 85% – Promove uma melhor autogestão da doença
- 77% – Permite uma redução das readmissões hospitalares
- 75% – A partilha de dados clínicos por Telemedicina promove adequada orientação e adesão terapêutica
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
- Áreas com maior implementação e evolução face a 2019
(Top 3 dos projetos em fase piloto ou implementados)
- A transcrição de voz continua a ser a área com maior implementação com 30%
- 24% já faz o agendamento de atividades clínicas
- 24% a Interpretação de imagem
- Com potencial de adoção a dois anos
- 46% considera a gestão do doente crónico (Telemonitorização) como a solução de IA com maior potencial de implementação
- 42% considera o Atendimento Automático
- 41% considera a Interpretação de Imagens
- Principais Barreiras / Facilitadores
Top 3 Barreiras
- 55% – Ausência de “Cientistas de Dados”
- 39% – Escassez de recursos financeiros
- 28% – Inexistência de infraestruturas tecnológicas
Top 3 Facilitadores
- 55% – Necessidade de reconhecimento do potencial de IA por parte dos profissionais de Saúde
- 41% – Inclusão de IA no seu Plano Estratégico
- 35% – Disponibilidade e Qualidade dos Dados
SAÚDE DIGITAL
- Perceção da maturidade digital da Instituição
- 38% das Instituições revêm-se num nível de maturidade mais elevado de Saúde Digital
- 6,6 /10 é o nível de maturidade digital percecionado pelos líderes no conjunto de todas as Instituições
- Prioridades de soluções de saúde digital nas Instituições
- 77% considera a melhoria dos registos médicos eletrónicos
- 69% as soluções facilitadoras de acesso aos cuidados de saúde
- 64% a interoperabilidade e a segurança e privacidade
- Perspetivas de Saúde Digital
- Apenas 14% das Instituições refere ter orçamento suficiente para os projetos de SD nos próximos 12 meses
- E 72% referem que o ambiente para a inovação e o investimento em SD irá melhorar neste período
O Barómetro teve a coordenação científica de Teresa Magalhães, Professora na ENSP-NOVA, do Departamento de Políticas e Gestão de Sistemas de Saúde, que contou com a seguinte equipa:
- Joana China (ENSP-NOVA)
- Miguel Cabral (ENSP-NOVA)
- Miguel Lopes (APAH)
- Patrícia Pita Ferreira (ENSP-NOVA)
- Filipa Fixe (Glintt)
- Ricardo Gil Santos (Glintt)
- Steeve Ferreira (Glintt)
- Daniel Carpinteiro Soares (Glintt)
Os resultados foram apresentados pela ENSP, pela Professora da Escola e Coordenadora do Grupo de trabalho para a Gestão da Informação em Saúde da APAH, Teresa Magalhães; Miguel Cabral, Médico e coordenador da área de Saúde Digital; Patrícia Ferreira, Consultora em Saúde Pública, e Joana China, Médica e Scientific Researcher.
A mesa-redonda foi o palco de discussão dos resultados e contou com a presença de Ana Sampaio, Presidente APDI – Associação Portuguesa Doença Inflamatória; Filipa Fixe, Executive Board Member da Glintt; Luis Goes Pinheiro, Board Member dos SPMS e Secretário de Estado Adjunto e da Modernização Administrativa; Óscar Gaspar, Presidente da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada, e Rosa Matos, Presidente do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central. A moderação de todo o evento ficou a par de Catarina Baptista, Vogal da APAH e Board Member do Hospital Cruz Vermelha Portuguesa. A agenda do evento pode ser vista aqui.
A 2ª Edição do Barómetro já está disponível no site da APAH e da Glintt.
E a 1ª Edição do Barómetro pode ser consultada AQUI.

