- A pandemia da COVID-19 acelerou a transição ecológica
- Existem cada vez mais consumidores disponíveis para pagar mais por produtos sustentáveis
- No entanto, maioria não quer pagar mais por ser sustentável
O forte impacto da crise sanitária na economia – cuja dimensão ainda está longe de ser totalmente avaliada – direcionou as preocupações das empresas para outras questões, para lá das preocupações ambientais. Apesar de terem sofrido um impacto acentuado, 72% dos portugueses estão otimistas e acreditam que as empresas irão acelerar as medidas para a transição ecológica, de acordo com o estudo sobre Transição Ecológica realizado pelo Cetelem – BNP Paribas Personal Finance em parceria com o CCEF. Esta opinião é reforçada pelo facto de 80% de cidadãos considerarem que a pandemia acelerou a urgência destas medidas para evitar uma futura crise ambiental que poderá ter efeitos similares.
Contudo, para acelerarem mais esta transição, é essencial que os consumidores optem cada vez mais por produtos e serviços sustentáveis. Um caminho que parece estar a ser trilhado, quando 9 em cada 10 inquiridos confirmam valorizar produtos, empresas e marcas sustentáveis. No entanto, no momento de comprar só 11% afirma escolher exclusivamente empresas e produtos sustentáveis face a outros que não o sejam. Ainda assim, existe já uma maioria de consumidores (52%) que dizem já adicionar algumas vezes estes produtos ao seu carrinho de compras.
Esta preferência por comprar sustentável não é, porém, ainda posta sempre em prática pela maioria dos cidadãos, com 61% dos consumidores a revelar que para a generalidade dos produtos dão pouca ou nenhuma preferência a matérias de sustentabilidade, o que se pode verificar em casos concretos, como quando compram brinquedos, roupa, calçado ou outros acessórios (56%); ou em produtos de higiene pessoal, cosmética e maquilhagem (51%), a título de exemplos. A par disto, existem categorias em que se verifica maior adesão à sustentabilidade, nomeadamente em artigos como alimentos (62%), material escolar e de escritório (56%) e nos produtos tecnológicos (52%).
Neste contexto, uma das exigências feitas por 76% dos consumidores inquiridos é que, para poderem escolher melhor quando fazem as suas compras, é fundamental que, cada vez mais, mais produtos e serviços tenham um certificado ambiental para que possam rastrear a origem e a qualidade dos produtos.
74% dos consumidores não querem pagar mais por ser sustentável
Apesar de existir uma crescente procura e valorização de produtos mais sustentáveis, o que leva a este misto de interesse manifesto em produtos sustentáveis, que não se traduz na aquisição tantas vezes quanto seria desejável? Os dados revelam que 74% dos inquiridos não pretende pagar mais por produtos e/ou serviços sustentáveis. As consequências económicas que poderão advir da crise sanitária poderão justificar em parte esta realidade porque 92% consideram que a sua disponibilidade financeira para comprar produtos/serviços sustentáveis é reduzida.
Ainda assim, comparando com anos anteriores, existem cada vez mais consumidores disponíveis para pagar mais por estes produtos (26%, mais 15 pontos percentuais face a 2019). No entanto, 13% destes inquiridos declara estar disponível apenas para pagar até mais 5% por um produto que seja sustentável; 10% estaria disponível para pagar 5% a 10% a mais do preço; e só 3% estaria disponível para pagar mais que este valor – respostas que pertencem a pessoas das classes mais elevadas, em idade ativa e residentes nas cidades.
Os dados do inquérito indicam ainda um aumento do nível de consciência, com metade (51%) a afirmar estar mais preocupada com as alterações climáticas do que há 5 anos. Assiste-se também a uma grande preocupação em relação ao futuro, no entanto, os inquiridos acima dos 55 anos dizem-se pouco preocupados, considerando que se dá demasiado ênfase às questões climáticas. Esta consciência ambiental é mais evidente nos jovens, entre os 18 e os 34 anos, que se revelam também mais preocupados com o impacto destas alterações no presente.
Metodologia
O inquérito quantitativo para o estudo do Cetelem – BNP Paribas Personal Finance em parceria com o CCEF foi realizado pela empresa de estudos de mercado Nielsen IQ em duas vagas. A primeira vaga teve por base uma amostra representativa de 504 indivíduos residentes em Portugal Continental, e a segunda de 501, de ambos os sexos, com idades compreendidas entre os 18 e os 74 anos de idade, profissionalmente ativos. As amostras foram estratificadas por distrito, sexo, idade e níveis socioeconómicos e conta com um erro máximo associado de +/- 4.4 pontos percentuais para um intervalo de confiança de 95%. As entrevistas telefónicas foram assistidas por computador (CATI), com informação recolhida por intermédio de questionários estruturados de perguntas fechadas. O trabalho de campo foi realizado entre 6 de janeiro de 2020 e 8 de março de 2021.