Se o quiser, ou mesmo sem o saber, a típica beleza americana, nascida e criada nos “States”, pode ter quotidianamente um look e uma fragrância quase 100% lusitanos. Porque, pouco a pouco, bem ao jeito do português suave, a (ainda pequena) indústria nacional de cosmética, perfumaria e produtos de higiene pessoal tem sabido criar conceitos e soluções com identidade, imbuídos de fatores distintivos de qualidade e a pensar em novos perfis de consumidores internacionais.
É o caso da SHAECO. “Born in” Viana do Castelo e com loja própria online há cinco meses, a marca começou entretanto a sondar o mercado francês e, ao mesmo tempo que avança com a campanha comercial noutros marketplaces digitais especializados no nosso País, está a operacionalizar a entrada nos EUA, inclusive com uma pequena equipa do outro lado do Atlântico.
A presença adicional dos produtos da SHAECO na maior plataforma de ecommerce global, o EBay, é apenas um sinal da estratégia em curso.
Para já, e enquanto o laboratório da equipa de trabalho mentora do projeto idealiza outras linhas de produtos, é o champô sólido One & Done que está a carregar às costas a insígnia. Em Portugal, a curva evolutiva das vendas tem enchido de motivação o esforço produtivo e alimentado as expectativas de internacionalização.
Eco-friendly, vegan e cruelty free, o One & Done da SHAECO, suave ao tato e de aroma frutado, foi pensado com uma firme convicção de sustentabilidade planetária e direciona-se, primordialmente, para as pessoas preocupadas com estilos de vida mais saudáveis.
É um produto livre de plásticos e sucedâneos, usa ingredientes naturais (óleo de argão e extrato de coco à cabeça) e materiais reciclados e recicláveis nas embalagens (com tintas de base vegetal), inclusive na caixa de transporte, feita com resíduos de cortiça. A água é reduzida ao mínimo no processo produtivo, mas o champô dura três vezes mais que os produtos líquidos “tradicionais”.
Por outro lado, o champô sólido da SHAECO pisca o olho aos millennials, a geração que nasceu com o boom digital. Em todo o mundo, é um dos segmentos da população que mais contribui para o crescimento dos produtos de beleza, enquanto influenciadores e consumidores diretos, recorda Vera Maia, uma das criadoras da marca, ela própria especialista de ecommerce.
EUA são o sexto país de destino
dos cosméticos portugueses
O cruzamento destas duas variáveis faz dos EUA um mundo dentro do Mundo, um «mercado para lá de apetecível e mais do que natural», reconhece Vera Maia.
De resto, as terras norte-americanas eram, em 2018, o sexto país de destino das exportações portuguesas de produtos de perfumaria, cosmética e higiene pessoal, na ordem dos 2,6 milhões de euros num volume global de cerca de 170 milhões (para mais de 130 países).
«Não detemos mais de 20% da quota internacional do setor, como a França, longe disso, mas, ao longo dos últimos anos, o nosso País tem conseguido criar marcas de qualidade e prestígio, capazes de ombrear com os melhores dos melhores neste domínio, e que estão a crescer inclusivamente em mercados altamente concorrenciais», sublinha a gestora da SHAECO, que prospetiva um volume de negócios na ordem dos 800 mil euros, até 2022, e de 2,7 milhões daqui a seis anos.
A estratégia da marca é mais global do que nacional, e, gradualmente, procurará ir ao encontro dos mercados de nicho de países como a Alemanha, Reino Unido, países nórdicos e também Canadá.