Quais são os principais desafios para o futuro empresarial? Como é que as organizações se estão a adaptar? E como é que os colaboradores sentem estas mudanças nas empresas onde trabalham? A QSP – Marketing Management & Research procurou responder a estas e outras questões, através de um estudo realizado no âmbito do lançamento de mais uma edição do QSP SUMMIT, junto de profissionais do tecido empresarial, sobretudo quadros médios e superiores, que partilham a sua visão sobre as mudanças e desafios inerentes ao mundo empresarial.
Para a grande maioria dos gestores que partilharam a sua visão sobre o mundo empresarial neste estudo, as pessoas assumem-se como o principal desafio de gestão. Tanto pela dificuldade de incutir uma cultura organizacional e o engagement dos colaboradores (apontada 60% dos inquiridos), como pela dificuldade de atrair e reter profissionais qualificados nos seus quadros (53,3%), uma preocupação com grande relevância para as organizações já que estes são cada vez mais escassos. 77% dos profissionais consideram os modelos de educação e formação atuais desajustados face às necessidades das organizações. Em contraponto, apenas 14,1% consideram ajustados, com os restantes 8,9% a não saberem.
Pedro Carneiro, Head of Marketing Research da QSP, entidade organizadora do QSP SUMMIT, refere que “estes valores demonstram que há um claro desconforto com os modelos educacionais atuais e uma vontade de reformulação de forma a corresponder melhor às necessidades das organizações, seja pela prioridade dada ao conteúdo teórico em detrimento do saber fazer, pela desconsideração das soft skills, ou mesmo pela pouca ligação ao mundo empresarial, como os resultados do estudo indicam. Os desafios que as organizações enfrentam, num ambiente de concorrência feroz e em constante mutação leva a que, principalmente os gestores de topo, sintam que os recém-formados devam estar mais preparados para as dinâmicas do mundo empresarial ”.
A agilidade na adaptação às mudanças do mercado, outro dos muitos temas debatidos ao longo dos três dias da edição deste ano do QSP SUMMIT, que decorre de 2 a 4 de julho, surge como o terceiro maior desafio atual da gestão (52,6%) para os inquiridos do estudo.
Valorizam colaboradores, mas falta investimento na diversidade e na sustentabilidade
Quais são as três características consideradas mais importantes na gestão das organizações? Os profissionais inquiridos destacam o reconhecimento e valorização dos colaboradores (63,7%), a comunicação aberta e transparente (52,6%), a liderança inspiradora (50,4%) e a agilidade organizacional (35,6%). A QSP procurou então perceber se estas características são promovidas nas organizações e percebe-se que em 25,2%, 20%, 22,3% e 26,7% dos casos, respetivamente, são pouco ou nada promovidas.
Embora assumam a valorização dos colaboradores como um fator importante na gestão, os inquiridos dão pouca relevância à inclusão, diversidade e equidade dentro das organizações. É vista como a característica mais importante na gestão das organizações por apenas 11,9% dos profissionais, sendo pouco ou nada promovida por 20,8% dos inquiridos do estudo realizado pela QSP.
Também a responsabilidade social e a sustentabilidade merecem pouco destaque pelos gestores. É destacada por apenas 20%, mas também há 23,7% que referem não ser promovida internamente nas organizações onde trabalham. Nos casos em que efetivamente há uma promoção, ainda que moderada, da sustentabilidade e responsabilidade social (76,3%), as iniciativas mais referidas como prioritárias em termos de responsabilidade social corporativa são a ética nos negócios (59,2%), a transparência (49,5%), a redução do impacto ambiental (48,5%) e a promoção da diversidade e inclusão (39,8%).
Para além da tecnologia, as pessoas são o centro da mudança
O estudo realizado pela QSP revela que 97,8% dos profissionais consideram a inovação essencial para o sucesso das organizações e 85,2% defendem que a tecnologia está a impactar positivamente a forma como as organizações operam. Nos próximos anos, espera-se que a inteligência artificial (AI) seja a tecnologia com maior impacto na gestão organizacional segundo 83% dos inquiridos. E, embora 18,8% não discriminem, espera-se que tanto a inteligência artificial generativa (57,1%), como a preditiva (50,9%) venham a ter um impacto significativo. Pedro Carneiro realça que “tratando-se de temas pouco difundidos no léxico dos portugueses, é natural haver alguma confusão nos conceitos do que é AI generativa e AI preditiva, porém fica claro que a inteligência artificial marcará o futuro da gestão organizacional”.
Há também 63% que acreditam que a Big Data e a análise de dados venha a ser a tecnologia com mais impacto no futuro a curto/médio prazo e 40,7% que apontam a automação. Outras tecnologias, como a Internet of Things (21,5%), a blockchain (14,1%), a realidade aumentada e virtual (9,6%) e o metaverso (8,9%) também são referidas.
No entanto, nem todas as empresas parecem estar preparadas para a mudança. 16,3% dos profissionais indicam que a sua organização tem uma capacidade baixa, ou até muito baixa, de adaptação à mudança e 43% veem a sua organização com uma capacidade moderada. No prisma oposto, 40,7% acreditam que a sua organização tem uma capacidade de adaptação à mudança elevada ou até muito elevada.
O estudo da QSP indica ainda que, atualmente, o foco no cliente e nas necessidades do mercado parece ser a estratégia prioritária da maioria das empresas, no entanto os inquiridos acreditam que, embora isso seja muito importante, o foco deveria estar principalmente no desenvolvimento de habilidades e competências dos colaboradores e também na flexibilidade organizacional e agilidade na tomada de decisões. O investimento em tecnologia e inovação, embora seja indicado por 33,3% dos profissionais como área prioritária atual nas suas empresas, deveria ser prioritária para 46,7%, demonstrando que ainda há um longo caminho a percorrer e que o investimento em tecnologia e inovação ainda não é o suficiente.
Para Pedro Carneiro, “mais uma vez, e ainda que o investimento em tecnologia e inovação seja visto como muito relevante e uma realidade cada vez mais premente para as organizações, os profissionais destacam o desenvolvimento de habilidades e competências dos colaboradores, demonstrando que, hoje, as pessoas continuam a estar no centro das organizações e a preocupação maior do tecido empresarial passa por garantir quadros valiosos e preparados para as mudanças que se adivinham”.
Rethinking Organizations
Os resultados do estudo realizado pela QSP – Marketing Management & Research, realizado junto de mais de 130 profissionais do tecido empresarial, permitiram fazer uma primeira análise sobre a temática do evento, explorando o cenário evolutivo do mundo empresarial e as estratégias que vêm a reformular as organizações como as conhecemos.
A 17ª edição do QSP SUMMIT, que vai decorrer de 02 a 04 de julho de 2024, no Porto – Matosinhos, será o palco para o debate e a partilha de conhecimento. Sob o tema ‘Rethinking Organizations’, mais de três mil e quinhentos participantes terão a oportunidade de ouvir durante os três dias do evento mais de 90 oradores a debater sobre as tendências da dinâmica organizacional e como as empresas estão a adaptar-se para enfrentar os desafios do mundo atual.
Mais informações podem ser consultadas no website oficial do evento http://www.qspsummit.pt/.