Engº Armando Oliveira – Administrador Delegado na Repsol Portuguesa
Apaixonado pelas vendas, motivado pela superação e inspirado pelas pessoas, Armando Oliveira destaca-se não só pelo seu paradigma de liderança, como pela sua atitude positiva face aos desafios e visão prospetiva dos negócios. Numa entrevista exclusiva, a DO it! dá a conhecer aos seus leitores não só o homem que lidera a Repsol Portuguesa, como a sua visão sobre o seu setor de negócio.
Como caracteriza o seu percurso profissional?
Sendo a minha formação em Engenharia de Máquinas Marítimas comecei a minha carreira na condução de grandes motores de Navios da Marinha mercante. No entanto, pelo gosto de socializar, procurei o ramo da comercialização de produtos derivados dos combustíveis. Acabei assim por fazer carreira, nos últimos 29 anos, na Repsol Portuguesa, desde vendedor de lubrificantes até ao lugar que ocupo hoje de Administrador Delegado da Companhia.
O que mais valorizou e retirou de cada uma das etapas da sua carreira?
Na primeira fase, valorizei muito a possibilidade de pôr em prática os conhecimentos técnicos que possuía, o que me permitiu desenvolver-me muito profissionalmente. Por outro lado, a possibilidade de viajar e de conhecer outras realidades (lugares, culturas, pessoas, costumes) fizeram-me crescer mais rapidamente, levando-me a procurar mais.
Na fase seguinte, chamemos-lhe assim, em que exerci a função de Vendedor, o que mais me estimulou foi o encanto que senti pela relação comercial e a obrigação de ganhar a confiança dos outros, tendo que cumprir, diariamente, com os compromissos assumidos. Por isso, fico reticente quando por vezes vejo atribuírem uma conotação negativa à palavra “vendedor”, tocando, em algo que prezo bastante: a confiança. Para mim, este valor é um alicerce indispensável, e que está na génese de todas as relações duradouras.
Agora, na fase de responsável da empresa e das nossas equipas em que me encontro, o que mais valorizo é o feedback das pessoas e dos clientes sobre o meu papel de líder. São eles que me continuam a ajudar a crescer e a poder continuar a fazer o melhor para todos.
Sendo um apaixonado pelas vendas, como carateriza um vendedor de sucesso?
Como disse antes, o melhor que nos pode acontecer, é alguém confiar em nós, para podermos viver com a “responsabilidade” constante de não falharmos. Aquele que sabe manter viva essa relação de confiança ao longo de anos, é um vendedor de sucesso.
Quais são as suas fontes de auto motivação e inspiração?
Tenho que reconhecer que uma das minhas fontes de motivação, talvez exagerada, é a superação, ou seja, a vontade de fazer mais e melhor, todos os dias. E isso porque não quero, nunca, retirar a chama ao que mais me inspira: as Pessoas e as respetivas relações.
Como caracteriza o mercado português, comparativamente com outros mercados da área da Repsol?
O mercado português é relativamente pequeno, mas é muito competitivo e dinâmico quando comparado, por exemplo, com o mercado vizinho que conheço bem. Possuímos parcerias muito desenvolvidas, procurando fidelização de clientes, com ofertas muito agressivas e grandes dinâmicas de marketing. Neste mercado existe ainda uma atividade promocional muito diversa e intensa e estratégias muito diferenciadas, nomeadamente em relação aos combustíveis aditivados de cada marca, resultado da obrigatoriedade de disponibilizarmos combustíveis simples desde 2015, que não existe noutros mercados.
Que prioridades tem a Repsol no atual contexto?
As nossas prioridades são as Pessoas, os nossos Clientes, os nossos Colaboradores e os nossos compromissos com a sociedade, preparando da melhor forma, a curto prazo, a retoma plena da atividade. Estarmos preparados em termos de oferta multienergética para as novas necessidades e novos comportamentos dos consumidores. Em termos de segurança e proteção das Pessoas mantemos uma operação segura fornecendo os produtos e serviços energéticos necessários às Pessoas e à economia, como de resto sempre fizemos de forma ininterrupta durante a pandemia.
Fala-se muito sobre “transição energética” e “mobilidade elétrica”…
São desafios que estamos a enfrentar e onde já assumimos compromissos. Fomos a primeira empresa do nosso setor, ainda em 2019, a assumir publicamente o compromisso de neutralidade carbónica em 2050 e temos uma estratégia de oferta multienergética para nos levar a esse objetivo. Para lá chegarmos precisamos de desenvolver tecnologia, precisamos de neutralidade tecnológica, de regulação adequada e de estabilidade legislativa para continuarmos a investir em novas soluções. A mobilidade elétrica é uma das tecnologias relevantes sobretudo para nas cidades mas não vai, por si só, resolver o problema. Precisamos de continuar a incrementar o teor renovável nos combustíveis tradicionais e de desenvolver novas tecnologias para o hidrogénio e combustíveis sintéticos.
Que outras dimensões inclui esse desafio?
Inclui as emissões provenientes dos nossos produtos quando consumidos pelos nossos clientes. Os nossos clientes também fazem a sua própria transição energética, acelerada durante a pandemia quer em termos de alteração de comportamentos (teletrabalho, e-commerce, conveniência, etc.), quer em termos dos produtos energéticos, com novos produtos e serviços a surgirem, como é o caso da mobilidade elétrica.
Em que fase está a disponibilização de carregadores elétricos pela Repsol?
Nós somos um dos maiores operadores no mercado em termos de oferta de carregadores rápidos e ultrarrápidos. Até final de 2021 pensamos ter uma rede com mais de 50 carregadores. Instalámos o primeiro carregador ultrarrápido no norte, na Estação de Serviço da Constituição no Porto e temos uma rede de carregadores rápidos nas estações de serviço, para um serviço diferenciador. Continuaremos a expandir essa rede, quer nas nossas estações de serviço quer fora delas, como por exemplo os HUB’s de carregamento de viaturas nas instalações de clientes profissionais de transporte.
Vão avançar a parceria com a EDP Comercial, a Via Verde Eletric e a Efacec?
Sim, estamos a instalar esses carregadores rápidos e ultrarrápidos nas áreas de serviço que operamos na rede Brisa, neste caso em parceria com a EDP. Os altos investimentos nesta área fazem com que nasçam parcerias para, em conjunto, acelerarmos a transição energética.
Que abrangência tem o projeto com o vosso cliente DPD?
Oferecemos soluções integradas para frotas mistas no nosso Cliente DPD, para a sua frota de 50 veículos Mercedes, com vista à distribuição verde na cidade de Lisboa. Inclui 30 carregadores na sua base de distribuição em Lisboa e carregamentos nas nossas estações de serviço e rede MOBI.E (mobilidade elétrica).
Recentemente foram anunciados grandes investimentos da Repsol em Portugal. De que se trata?
São investimentos na área industrial em linha com o processo de transição energética, para que as matérias primas que produzimos sejam totalmente recicláveis, numa lógica de economia circular.
Quais são os pilares de sucesso do negócio da Repsol Portugal?
Continuar a fortalecer, a capacidade das nossas Pessoas para estarem próximas dos clientes, desenvolvendo relações de confiança. Temos transações frequentes com os cientes e somos postos à prova diariamente em cada transação, pelo que é necessário conquistar a sua confiança em cada transação. Essa confiança com os nossos clientes leva anos a construir, e nós sabemos que não podemos deixar de fazer cada dia, melhor o que já sabemos fazer bem. Ter esta máxima presente é o nosso principal pilar no sucesso que vamos construindo.
Como Líder, quais estão a ser os seus principais desafios no decorrer desta pandemia?
Cada um de nós teve que aprender muito com a chegada desta Pandemia. Ela fez-nos ter que dar rápidas respostas aos problemas e desafios que emergiam diariamente em todas as frentes. Porém, os principais desafios continuam a ser assegurar a proteção da saúde das pessoas, clientes e colaboradores, e manter a operação continuada de serviço e fornecimento de bens necessários para a comunidade e a economia. Agora que esperamos entrar numa nova realidade, temos que analisar e aproveitar as oportunidades decorrentes das mudanças que vierem para ficar e desenvolver a nossa oferta multienergética, ajudando os clientes na transição energética em que todos estaremos envolvidos.
Que Valores pretende passar aos seus filhos?
Existe sempre o lugar comum dos valores e da importância da família. Partindo do princípio que damos por certo essas máximas, o conselho que vou dando ultimamente aos mais próximos é que, como pessoa, “Mais importante do que ser O Melhor, é continuar a ser Melhor”. Todos os outros agradecem.