Os «miúdos» a quem não davam sequer «seis meses para estar a fechar a porta» da primeira loja com que se aventuraram, em Viseu, sopram este mês as 18 velas da Ergovisão. No ano da maioridade, a marca integrou mais 11 lojas na rede – são agora 59, espalhadas por 17 distritos – e prevê fechar 2020 a faturar cerca de 13 milhões de euros. São vários os projetos em marcha com as marcas de portugalidade características da empresa, igualmente a pensar no tempo de incerteza que compassa(rá) o presente e o futuro do setor.
O poço de ar da pandemia não deixou de abanar a trajetória de um dos maiores grupos óticos em Portugal, mas não impediu o seu crescimento: tudo aponta para que o ano acabe com um volume de negócios superior ao de há um ano em dois milhões de euros. E Pedro Figueiredo, um dos fundadores e diretor de marketing, explica em que medida tal feito é… «dose».
A turbulência causada no mercado pela tempestade Covid-19 teria obrigado a uma aterragem de emergência em cima da idade maior da empresa se não fossem a «preparação e a agilidade digitais» adquiridas pela Ergovisão ao longo dos últimos anos.
«Conseguimos rapidamente ajustar processos, migrar serviços presenciais para o modelo online (videochamada, entre outras modalidades) bem como manter uma linha de apoio ao cliente sempre funcional», explica Pedro Figueiredo.
O contexto de pandemia provocou uma «quebra média de 20%» nos negócios que estavam projetados, revela o responsável, porém, a cultura empresarial adquirida está a guiar a companhia por entre as atuais contingências globais de saúde pública.
Foi por isso que, na cidade que viu a Ergovisão nascer, a insígnia autonomizou espacialmente a clínica Dr. Ergo (devidamente licenciada pela Entidade Reguladora da Saúde para realizar consultas, exames e tratamentos das especialidades relacionadas com a saúde ocular).
É lá que, fruto da tecnologia disponível, e além de todas as respetivas valências, a Ergovisão tem em marcha um projeto-piloto, com um parceiro, que permite aos especialistas fazerem consultas remotas através de aplicações desenvolvidas à medida, as quais possibilitam o manuseamento de equipamentos à distância, bem como a comunicação ao vivo com o paciente através de videoconferência.
Ergovisão congrega empresas independentes
à volta da Unióticas, já com 15 aderentes
As consultas e os exames remotos estarão cada vez mais no enquadramento do setor ótico português, contudo, o ponto de mira da Ergovisão foca igualmente o cooperativismo, em torno de um conceito integrado de serviços e produtos. Daí a criação do projeto Unióticas, ao qual aderiram já 15 empresas do setor, em poucos meses, também cientes de que «o mercado só irá ser sustentável no nosso País se os óticos estiverem unidos».
«Durante a fase de confinamento, percebemos que todos os mercados iam mudar, e a óptica não é exceção. Tendo em consideração que há em Portugal muitos óticos independentes, que não estão ligados a grupos, há claramente uma necessidade de criar ferramentas para que consigam ultrapassar todos os obstáculos, que já eram muitos e que aumentaram em contexto de pandemia», contextualiza Pedro Figueiredo.
O programa Unióticas possibilita que óticos independentes possam «beneficiar de um conjunto de regalias e ferramentas que o grupo Ergovisão oferece, bem como aceder a condições comerciais mais vantajosas», no entanto, explica, com a possibilidade de manterem a identidade das suas lojas.
A pensar também nas distâncias covidianas que, antevê-se, marcarão o setor por algum tempo, a Ergovisão reforçou o investimento na sua plataforma de subscrição de lentes de contacto Lensfree, criada há quatro anos para fazer chegar comodamente o dispositivo a casa dos clientes. No atual contexto, a previsão é a de um muito relevante crescimento desta modalidade.
Grupo com 150 profissionais nos quadros
Grupo 100% lusitano, de raízes familiares, que tem apostado no made in Portugal em vários dos seus produtos/serviços, e, também, associada a sua implantação a nomes portugueses com reputação internacional (Diogo Morgado é o embaixador da marca, que comercializa coleções e linhas exclusivas de óculos com a insígnia do estilista Luis Buchinho), a Ergovisão não se livrou de ser vista, logo no arranque, como uma multinacional espanhola!
«Surgimos com uma loja de 500 metros quadrados, com um layout muito apelativo e uma imagem cuidada e moderna, que fez muitos clientes posicionar-nos, logo no início, como uma marca internacional», recorda Pedro Figueiredo. Que aponta a saúde, a moda e a tecnologia, aliados a um serviço personalizado muito experiente e altamente qualificado, como os pilares fundamentais nos 18 anos da Ergovisão.
A empresa conta atualmente com 150 profissionais nos quadros e tem sempre presente como tudo começou. «Encetar esta marca numa cidade como Viseu foi um enorme desafio! Mas, a nossa loja mais antiga, com cerca 30 metros quadrados, tem mais de 35 anos e ainda temos connosco a colaboradora que iniciou connosco este projeto – ama o que faz e permanece uma das nossas melhores comerciais», lembra o diretor de Marketing.
Novidades em preparação
É, aliás, a atenção ao detalhe e a preocupação em cultivar uma visão 360 graus do mercado que explica a existência de vários serviços de nicho. As próteses oculares personalizadas é apenas um deles. São trabalhadas à medida dos clientes nas clínicas Dr. Ergo e pintadas à mão, permitindo que o produto final fique praticamente igual ao olho saudável do paciente.
No momento, há, todavia, desafios bem mais abrangentes em mãos. O Grupo tem em preparação o primeiro plano de saúde ocular acessível em Portugal, com o fito de permitir que todos os cidadãos possam aceder a condições mais vantajosas quer a consultas quer a produtos óticos. Mas essa é uma novidade que a Ergovisão reserva para mais tarde…