Com uma trajetória musical consolidada, a história do MUFYN – Music for your needs está diretamente ligada ao seu fundador Levy Gasparian. Apaixonado por música, DJ com carreira consolidada no Rio de Janeiro, Brasil, em 1997 viu uma oportunidade de ajudar as marcas a diferenciarem-se no mercado, através da criação da sua identidade musical – uma estratégia sensorial.
DO it!: Fale-nos um pouco de si, do seu percurso e das motivações que o levaram a desenvolver o modelo de negócio da MUFYN. Levy Gasparian: Comecei a vida de DJ aos 14 anos. O meu pai era um grande empresário no
Brasil e tinha como hobby comprar equipamentos de som. Com algumas sobras de equipamento comecei a passar músicas em festas particulares. Na altura não existia o conceito DJ. Eu trabalhava como “discotecário” e esse estilo de vida não tinha qualquer glamour. O mundo DJ cresceu e as oportunidades também. Muitos clientes começaram a pedir-me para criar música para as suas lojas e decidi criar um software que funcionava como um DJ virtual, selecionando a música certa para cada espaço, criando assim há 13 anos o conceito de identidade musical. A empresa cresceu rapidamente no Brasil e, neste momento, temos mais de 400 clientes em 14 países.
DO it!: Apelar aos sentidos está na ordem do dia. Vivemos num paradigma de “emonegócios”. As decisões de compra são cada vez mais baseadas na empatia e, con- sequentemente, suportadas na relação afetiva com as marcas/ produtos/serviços. Qual é o apoio que a MUFYN proporciona às em- presas que pretendem alinhar-se com esta tendência? LG: Entendemos que as marcas precisam de se diferenciar e as que têm maior destaque atual- mente são aquelas que conseguem proporcionar um ambiente incrível. Existem estudos que comprovam que a música correta pode aumentar as vendas em até 30%. A boa experiência no ponto de contato ou ponto de venda com o cliente é imprescindível. Esse posicionamento fica mais evidente quando se trata de lojas em que o valor dos produtos é alto, como por exemplo numa loja de jóias. Quando entra nessas lojas o cliente deve ficar encantado. Para tal, o espaço, música e aroma da loja precisam de estar em sintonia quer com a identidade da marca, quer com o mood que o cliente procura, mesmo que inconscientemente, quando vai fazer uma compra nesse tipo de loja. Música errada ou aroma dissonantes afastam o cliente. Perder uma venda, nestes casos, significa muito! Os sentidos podem ser explora- dos dentro e fora da loja. A experiência sensorial fica, conecta e emociona. Todas as marcas são únicas, e única deve ser a música em cada espaço. DO it!: Como se materializa a vossa colaboração com os clientes? LG: Somos a alma musical das marcas. Entendemos o ADN de cada marca e, a partir daí, desenvolvemos a sua identidade musical. Com este conceito em mãos podemos criar inúmeros pontos de conexão com o cliente. Já fizemos cursos de DJ, shows nas montras, coleções de roupas, festas, festivais, rádios online e até cervejas musicais. O nosso tra- balho em geral acaba próximo do marketing e transforma-se em inspiração.

Em contra partida, o marketing invariavelmente retro-alimenta as playlists. DO it!: Que estudos/demonstrações suportam os vossos argumentos? LG: Tirando os diversos estudos sobre a influência da música no comportamento do consumidor, como o de Adrien North, fizemos nós próprios muita pesquisa ao longo dos 13 anos de experiência que possuímos, em mais de 400 clientes. Cada cliente tem uma necessidade específica e uma experiência para trocar connosco. Tecnicamente, toda a música se inscreve dentro de um conceito artístico e temporal, de uma de- terminada banda de música. Cada género musical atinge diferentes tipos de pessoas, de idades distintas. Basta separar entre os milha- res de músicas existentes aquelas que se encaixam com a marca e com o público-alvo. Não existe máquina, algoritmo ou software que o consigam fazer. Apenas a experiência e o tempo passado a ouvir e a pesquisar música. DO it!: Que exemplos práticos podem partilhar? LG: O restaurante Geographia possui comida que “fala português”, ou seja, comida do Brasil, Angola, Cabo verde, Moçambique, Portugal, etc. A música precisa de ter o mesmo ADN. Por isso, enquanto se come ouvem-se artistas como Rui Veloso, Curumin, Augusto Cego, Benjamin, Cavalheiro, Carolina Deslandes, Eneida Marta, Céu, Gal Costa, etc.. Tudo está em harmonia. Para o Eleven, um dos restaurantes mais sofisticados de Lisboa, queríamos escolher música com o posiciona- mento clássico do jazz de Frank Sinatra. Porém, se essa fosse a nossa única escolha, iria deixar o restaurante datado. Por isso, optámos por artistas contemporâneos que fazem a melhor música Jazz e Soul. Entra-se no Eleven e a fusão entre moderno e o clássico está estampado nos sabores e no ouvido. DO it!: Que conselhos dá a quem está apostado em responder aos novos paradigmas de mercado? LG: A música não é um custo, é um investimento. Ela deve ser gerida por um profissional, alguém focado em fazer o negócio gerar resultados. Muitas marcas incríveis deixam que seja um vende- dor qualquer da loja a escolher a sua música e essa pessoa nem sempre entende o ADN da marca, guiando-se pelo seu gosto pessoal. Às vezes funciona mas, na grande maioria das vezes gera mais do- res de cabeça, do que qualidade. Nas marcas que possuem mais de uma loja, independentemente da loja em que o cliente se encontra, a experiência tem que ser a mes- ma. É o caso da Pizzaria Luzzo. Antigamente o dono estava preocupado pois numa pizzaria estava a tocar estilo Lounge, noutra Jazz, noutra Hip-Hop e noutra Xutos & Pontapés. Não tenho nada contra qualquer uma dessas opções porém, nenhuma delas tinha a ver com o conceito que a marca que- ria passar. Atualmente todas as pizzarias do grupo passam uma playlist exclusiva espetacular, com tudo o que é moderno e cool no Rock e Indie. DO it!: Que novidades podemos esperar da MUFYN? LG: Estamos sempre a instigar os clientes a fazerem algo mais, a oferecerem o inesperado e a serem diferentes da concorrência. Como megalomaníaco do bem, queremos utilizar a música como ferramenta de mudança de pessoas e das marcas. Temos ideias para festivais, lançamento de artistas, filmes e muito mais… Todavia, tudo a seu tempo pois as mar- cas, aos poucos, vão percebendo como a música envolve os seus clientes e, por isso, irão precisar da MUFYN.
