Entrevista a Amber Hatch.
O que é o silêncio? – é esta a questão essencial e urgente com que Amber Hatch inicia o seu novo livro, «A Arte do Silêncio», no qual procura dar a conhecer não o silêncio puro, que considera inatingível, mas a ferramenta para controlar a ansiedade quotidiana e atingir a paz interior.
DO it!: O que a motivou a escrever este livro?
AH: Vivemos num mundo onde a mensagem geral é que, para sermos mais felizes precisamos de mais. Está-nos constantemente a ser dito para nos envolvermos mais, comprarmos mais e termos mais experiências. No entanto, penso que muitos de nós sabemos, intuitivamente, que isso não vai ajudar.
Quis escrever um livro que desafiasse esse paradigma. Não de uma forma negativa e crítica.Em vez disso esperava escrever um livro que fosse gentil e compassivo, que inspirasse e provocasse reflexão. A Arte do Silêncio é escrito como uma chamada gentil para parar e fazer um balanço, em vez de saltar para preencher cada momento com uma nova experiência.
DO it!: Num mundo dominado, por um lado, pelo “ruído”, e, por outro lado, por uma procura crescente do eu interior e do sentido da vida, como pode este livro ser útil?
AH: A Arte do Silêncio não pretende ter todas as respostas. Não tenho a certeza de que qualquer livro possa fazer isso! As pessoas podem questionar-se sobre como é possível encontrar silêncio num livro que é, inevitavelmente, cheio de palavras. A minha esperança é que as palavras que este livro contem se assumam como orientadoras para se alcançarem os silêncios que estão à nossa frente.
Este livro não oferece um conjunto rígido de instruções – do estilo “Sete Passos para Tranquilidade”. Em vez disso, espero que seja o tipo de livro que irá inspirar as pessoas para um novo olhar sobre as suas vidas e o ambiente que as rodeia. Necessitamos de uma revisão radical da nossa forma de interagir com o mundo. O silêncio é a resposta radical. Não é apenas sobre baixar o volume – é sobre dizer não, abster-se.
É apenas nesses momentos de silêncio – quando não estamos a correr para preencher o nosso tempo com mais experiências – que podemos realmente ter tempo para descobrirmos o que é sermos nós próprios, e para percebermos e apreciarmos o mundo que temos diante de nós. Há um ditado budista: ‘O dedo que aponta para a lua não é a lua.’ As palavras deste livro não são a resposta, mas podem ajudá-lo a seguir a direção que quer tomar.
DO it!: Através da sua experiência com os jovens, como podemos ajudá-los a tomarem consciência da importância do silêncio?
AH: Se queremos que os jovens tomem conhecimento da importância do silêncio, então temos de demonstrar que para nós é importante. Infelizmente, a maioria de nós despende demasiado tempo a andar de um lado para o outro a preencher qualquer momento livre e a navegar nos nossos dispositivos!
É muito mais importante “pormos ordem na nossa casa”, antes de começarmos a dizer aos nossos jovens como se devem comportar. Se não o fizermos, correremos o perigo de transferir a culpa para eles. Ou seja, em vez de assumirmos a responsabilidade de trabalharmos sobre nós próprios, poderemos acabar a lamentar o facto dos jovens terem prioridades erradas. Moldar o nosso próprio comportamento é uma forma extremamente eficaz de orientar o comportamento dos outros. Por isso, devemos começar por nós próprios.
Quando as crianças e os adolescentes estão rodeadas de pessoas calmas, elas aprendem a apreciar essa qualidade.
DO it!: Considerando que a maioria dos nossos leitores são pessoas de negócios, como considera que o seu livro as poderá ajudar ao nível da gestão de conflitos, gestão de emoções e construção de interações positivas?
AH: Qualquer pessoa, seja no seu contexto profissional ou outro, pode cultivar relações pacíficas e construtivas. Este livro ensina como fazê-lo.
O livro analisa a forma como podemos conjugar as nossas conversas e relações com o espírito de silêncio, através da escuta ativa e de uma mente mais aberta. Isso não significa que temos de abandonar o nosso próprio ponto de vista, mas também não significa que temos que ficar ofendidos quando alguém tiver uma opinião diferente da nossa.
O livro também foca o valor de simplificarmos os horários, tanto no trabalho, como em casa. Num ambiente de negócios com ritmo acelerado, a redução de responsabilidades e de tarefas pode não ser possível. No entanto, quando valorizamos o silêncio podemos tirar partido de pausas momentâneas. A prática de algumas das técnicas de meditação descritas no livro, podem tornar-nos mais aptos a alternar períodos de alta energia com tempos de descanso. As nossas mentes podem tornar-se mais maleáveis e flexíveis e podemos assim fazer melhorar os momentos de silêncio de que dispomos nos nossos dias.